terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Versos de novembro

O capim verde chacoalha lá fora,
o lago se curva em arco
Mas o vento sequer sopra - suspira?
 
Movimento espiral em repouso
ensejo do circular brusco
Sem niño, sem niña
Só ilha

Toda espera é uma morte do tempo
Naqueles sem sorte
no segundo, no momento

Solidão é esperar vivo
pela própria vida.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

A sala branca

Esgueirando a beirada plana
o fio negro se contorce
A sala branca intimida, não coage
ilumea, a sombra reage

Coexistência é uma resistência
abstrusa em tudo que não refrata
Difratando cada áscua inata
da escupida eminência

Convertido o corrompido
difundido se distrae
Negra sala  endo-minada
branco fio, sapeando a entrevada

segunda-feira, 12 de março de 2012

Eu sou um marginal

Eu sou um marginal, não em sentido policial
embora que, em conotação jurídica, ainda o seja.
Sou um marginal, vivo a margem-in-all
não suportaria o all in cotidiano a qual milhares se entregam
e a não ser que se tenha nascido ao menos com um four descente
não aconselho apostar a vida de tal forma.

Sou um marginal, mas não por afronta a algum código penal,
não possuo qualquer tipo de arma senão essa pela qual me dirijo
somente sou, por não me abdicar do direito de ser o que se seja:
anônimo, a-tech, vadia, mascador de coca, negro, amarelo, nordestino
gordo, indio, maconheiro, estrangeiro, 'feio', ateu, m'banda, turco
chicano, punk, esquerda, anarco, antisocial, homo ou pansexual.
Eu não me resigno do meu ser, logo meu ser não me desabita

Sou um marginal, repito, mas não por minha escolha
tão pouco sou alguma vítima da Shangri-La,
apenas sou contra os que querem meu sangue lá.
Sou o fumo no cachimbo de Marcus, o beat do berimbau de Zumbi,
o brandido do cajado de Conselheiro
a margem não é meu refugio, não é nenhum mocó
ela é meu quilombo, nela eu re-existo

Sim Meretíssima, eu sou um marginal
quizera eu ser mais um peixe no rio, ao invés de aluvião na erosão
então antes de me acusares eu lhe pergunto:
Como se poderia viver onde não se respira?
E ainda que me julgues culpado eu lhe advirto:
A margem é antes de tudo uma trincheira!
embora eu não concorde como vives, defenderia até o fim
teu direito de ser e de viver, diga lá o que faria pra defender o meu
Daqui da margem me indago o por quê da falta de reciprocidade

Eu sou e pronto, como justificar o que a mim precede, o que me determina?
Dessa forma me responda: como julgar algo que não se compreende, pior ainda
com que direito?
Se alguém acaso possui a patente da verdade que se apresente
e prove com todo o poder que tal coisa possuiria, segundo os mitos,
que darei este assunto por encerrado.
Caso contrário continuarei a metralhar minhas palavras com toda força
para que me entendam.
Então não me subestime e antes de tentar me coagir tome cuidado, pois
Eu sou um marginal.