quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

A subversão da ética

A menina ética
Habitava uma realidade frenética
Circulando pela via cibernética
Curiosa com sua própria genética
Quis viver de maneira sincrética


Encarando no espelho sua imagética
Fascinada com sua própria estética
Jurava ser toda eclética
Mas não sabia fugir da exegética

Queria inventar uma nova dialética
Embalando numa vida sintética
Excitada com a mimética
Gastou toda sua energia cinética
Morrendo de morte patética

Foi enterrada numa tumba profética
A sete palmos de chão jazeu a esquelética
Presa numa realidade morfética
Foi incapaz de fugir da própria fonética

Remoendo o chão de sua sepultura poética
Apodreceu toda caquética
Respirando por uma frestinha hermética
Terminou eternamente cética.

A mil pés

Sinto seu pé no meu
Assim sei o que é você
E o que sou eu
Nas nuvens de meu céu

Sinto seu pé
Sou eu
Sou seu
Coberto de nuvens
Caminhando sem véu

Meu pé, seus dedos
Cócegas leves
Risos andantes
Num chão estelar
Rodopio dançante
Preso no seu olhar
A mil pés
Do seu ciclo lunar