quarta-feira, 6 de maio de 2015

Furacões

O cinza e azul se misturam num pacífico índigo, com uma leveza violenta, te arrasta aos céus
 Puxando para o azul imenso, intenso  te rouba o ar, num movimento estonteante
Como poderia, se é puro ar? Assim, rodam vida, rodam gente em mente
Nossos braços sem movimento, presos em abraços tão etéreos
Se sacodem girando, dentro de um coração aéreo
Que tudo suga, em sua cardiologia natural
Num vento de velocidade séria
Puxa ao âmago toda matéria
Unindo coisas de tão distinta
natureza,  Apenas
para se preencher
 de certeza

Rodopio
Estonteante
Making me high
Contorcendo meu pescoço
Atônito, não consigo soprar um
Por sua força monstruosa, de natureza estrondosa
Rompendo a lei da gravidade, talvez por alguma maldade
Após sugar-me tanto ar, retendo meu corpo em todo seu girar
Criatura que une o terreno ao celeste, elevou-me ao mar imenso
Assim, na imensidão me fiz, junto ao furacão, apenas para acabar
arremessado
ao
chão.






quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

A subversão da ética

A menina ética
Habitava uma realidade frenética
Circulando pela via cibernética
Curiosa com sua própria genética
Quis viver de maneira sincrética


Encarando no espelho sua imagética
Fascinada com sua própria estética
Jurava ser toda eclética
Mas não sabia fugir da exegética

Queria inventar uma nova dialética
Embalando numa vida sintética
Excitada com a mimética
Gastou toda sua energia cinética
Morrendo de morte patética

Foi enterrada numa tumba profética
A sete palmos de chão jazeu a esquelética
Presa numa realidade morfética
Foi incapaz de fugir da própria fonética

Remoendo o chão de sua sepultura poética
Apodreceu toda caquética
Respirando por uma frestinha hermética
Terminou eternamente cética.

A mil pés

Sinto seu pé no meu
Assim sei o que é você
E o que sou eu
Nas nuvens de meu céu

Sinto seu pé
Sou eu
Sou seu
Coberto de nuvens
Caminhando sem véu

Meu pé, seus dedos
Cócegas leves
Risos andantes
Num chão estelar
Rodopio dançante
Preso no seu olhar
A mil pés
Do seu ciclo lunar