terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Oxalá vai a guerra

Quando Oxalá vai à guerra
corta rio, abre terra
quando Oxalá vai à guerra
é acompanhado pela tempestade
O senhor do branco
Move a montanha
para salvar a humanidade
Tudo a ele se curva
Seu tempo é a eternidade
Oxalá vai à guerra
pra levar a paz de Ifé

Quando Oxalá vai à guerra
A justiça lhe carrega
Ele é a chuva branda
Caminhando com seu opaxorô
Sua criação foi com fé e amor
Oxalá vai à guerra
Vai levar a paz de Ifé

Quando Oxalá vai a guerra
é a luz que se move
não há inimigo que não se curve
nem força que não se renove
Oxalá vai a guerra
Vai levar a paz de Ifé

Epa Epa Babá



Autor: Ogã Ícaro tí Odé

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Guerra fria

Meu partido
coração
já não ganha
eleição
E quando pensa
que deu sorte
vem oposição
dar-lhe golpe

é tanto corte
tanta surra
que o sangue
já nem coagula

das minha veias
esmagadas
se abriu um rio
com águas avermelhadas
para ver se lavava
as mágoas choradas

Mas rio é feito
pra correr chão
e em cada parte
por onde passama águas
fica por lá
meu coração

Por onde passam
sempre há quem cante:
Ogum tem água em casa
mas prefere banhar em sangue

Em tempos líquidos
ser rio, ser água
abrir caminho
pela terra amarga.




quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Ouro bruto

Ouro bruto
Em minhas mãos
calejadas
e em sangue
de tantas pedras
de tantos cortes
de tanta falta de sorte
Não adiantaria
dar meu sangue
e gritar de dor
para a pedra
brilhar totalmente
seu dourado
sua luz
seu valor
Minhas mãos sangram
e ouro não cura
Minhas mãos doem
e a pedra não alivia
Devolvo-a ao rio
E repouso minhas mãos
sob a àgua
Vejo o vermelho seguir em fiapos
correnteza a dentro
Enquanto a pedra afunda
guardando seu brilho
para alguma lua
existente na margem interior
Rio a dentro